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O Ecossistema do Lo-Fi

IzaBeats

O artigo dessa semana é escrito por IzaBeats e aborda um assunto bastante importante e que poucos tem conhecimento: o Lo-Fi não é apenas as produções!



O ECOSSISTEMA



O Lo-Fi brasileiro além de ser um estilo musical é também uma rede, um ecossistema de artistas independentes que vai muito além da produção. O Lo-fi brasileiro abrange labels, designers, artistas digitais, engenheiros de mix/master, curadores de playlists, enfim, a lista é grande. Todos esses profissionais estão envolvidos ativamente em cada etapa do desenvolvimento sonoro até chegar ao seu fone de ouvido!


"Todo esse conjunto, dos produtores ao ouvinte, são peças fundamentais para essa engrenagem funcionar. Principalmente o ouvinte, pois sem ele nada disso teria sentido algum!" IzaBeats

Essa semana conversamos com duas figuras que estão desenvolvendo um trabalho lindo na cena brasileira. O FaOut, que é produtor e fundador da label Tangerina Music, e o Billy Wuot, produtor e curador de playlists! Neste artigo vou entrevistar esses dois que possuem um papel importante nesse ecossistema como muitas outras peças fundamentais!



IzaBeats entrevista FaOut:


"Esse momento bom que estamos vivendo, com bastante público e audiência, pode ser que acabe.Nesse caso, é fundamental, a longo prazo construir uma Fanbase sólida. Desse modo, o modelo da indústria musical clássico vai por água abaixo..." FaOut

Além de toda a influência artística/musical, qual é o impacto que você percebe que o Lo-Fi tem nas pessoas que trabalham ativamente nessa comunidade?


FaOut: Nós criamos uma rede, né?! Eu costumo falar “os amigos da firma”. Profissionais que nunca se viram pessoalmente, mas que trabalham juntos todos os dias. Criamos uma rede... Quando se cria essa estrutura assim, uma comunidade como mesmo interesse, isso tem um impacto enorme no cenário artístico... Influenciando gostos, ideias, padrões... a lista é gigante.


Qual foi o impacto disso na sua vida?


FaOut: O impacto na minha vida foi a troca. O compartilhamento diário com pessoas que eu nunca encontrei na minha frente, mas que são pessoas super queridas. Isso é muito legal. Muito mesmo... Fico super empolgado toda vez que penso nessa comunidade que foi criada.


Quais são os profissionais envolvidos no processo de composição à lançamento de uma compilação como o 'Chill Brazilian Storm'?

FaOut: Primeiramente os músicos / compositores, sem os quais nada aconteceria. Depois, a galera dos bastidores: Curadoria do álbum, profissional engenheiro de mix e master, profissional de designer para e desenvolvimento da arte e por fim equipe de marketing para o lançamento.


Por exemplo, na primeira compilação o Erik (aka Pelicano) fez um emparelhamento sonoro com as tracks e não tivemos uma única pessoa responsável pela mixagem e masterização. Já na proxima teremos o 2F U-flow (que é um cara que já trabalhou com o Black Allien, patatatinho, Anitta, ludmilla, MV Bill, entre outros) responsável pelo álbum. A Designer, criadora da arte de capa e animação para o YouTube, foi a Paula (@Paulabot) e agora para a próxima será o Leonardo Alves (@leozito_ito).


A parte de publicidade dessa vez será feita por uma empresa. Erik e eu vamos conversar bastante sobre isso ainda... Aprendemos bastante com a primeira... E pedimos ajuda para o nosso “ecossistema” para o segundo álbum. Começando pela curadoria que vai ser feita por vários produtores. Ao meu ver quanto mais integração melhor. Fortalece todo mundo artisticamente. E isso é o mais legal.


Você acredita que o fato de produtores de Lo-Fi não serem conhecidos por grande parte das pessoas que os escutam, pode representar um novo modelo de indústria musical, onde não é preciso ter uma conexão com empresas/gravadoras de grande porte para se ter um reconhecimento musical?

FaOut: Não. Não é mandatório ter uma conexão com grandes empresas, apesar de que elas podem ajudar.


Eu vejo muitas entrevistas da galera falando da crise da indústria musical... Mas a grande verdade é que atualmente as empresas que sempre dominaram o mercado musical, continuam dominando...


No novo modelo os artistas do Lo-Fi não tem cara. Certo? Mas pô, o que quero dizer é que esse momento bom, com bastante público e audiência, pode diminuir. Nesse caso, é fundamental, a longo prazo, construir uma fanbase sólida.


Desse modo, pela construção de um público fiel, o modelo da indústria musical clássico vai por água abaixo.



IzaBeats entrevista Billy Wuot:



"Acho que isso é uma quebra de paradigma da indústria musical, produtores querendo se ajudar, querendo crescer juntos...” Billy Wuot

Billy, além de produtor você também faz um trabalho fantástico de curadoria, fala mais sobre esse processo para a gente!

Billy Wuot: Bom, parando pra pensar, eu acho que faço curadoria desde sempre. Sempre curti muito montar pastas com mp3, compartilhar pendrives com amigos para conhecer músicas novas. Aí veio surgindo o streaming e comecei a fazer esse mesmo trabalho. Eu sempre tive um objetivo muito pessoal nas playlists e continuo tendo. Tenho mais de 10 playlists de outros gêneros que não são Lo-Fi, e algum dia pretendo torna-las públicas.


Quando comecei a produzir Lo-Fi, eu percebi que gostava de beats com estilos muito diferentes, queria produzir coisas com estilos diferentes (sleep, boom bap, downtempo), e comecei a adicionar em diferentes playlists pra eu ficar ouvindo como referência e ir me inspirando enquanto realizava outras atividades. Foi aí que comecei a montar playlists temáticas de Lo-Fi, e o que eu faço é basicamente adicionar músicas que eu gosto da produção como um todo e que me inspiram de alguma forma.


Conforme meu projeto foi crescendo, abri um form pra receber submissões de produtores, o que me facilitou também a encontrar produtores menores que também fazem um excelente trabalho. Sempre coloco a música pela qualidade, pelo mood, pela produção, não olho se o produtor é um cara "grande na cena" ou não.

Hoje minha rotina é ir adicionando conforme eu descubro músicas interessantes, algumas deixo salvas numa playlist oculta para uma futura rotação (me inspirei muito na organização do Colours in the Dark), e pelo menos 1 vez por mês gosto de deixar as playlists com sons novos, ou fazer uma rotação geral. Vai muito do meu tempo disponível.


Você percebe a existência desse ecossistema econômico dentro do Lo-Fi brasileiro?

Billy Wuot: Acredito sim que existe um ecossistema econômico surgindo em volta do movimento do Lo-Fi brasileiro, muito por conta do que eu imagino que seja o fato de os artistas quererem passar mais qualidade, quererem mostrar mais profissionalismo na produção mesmo, não só como música, mas também como imagem visual, como conteúdo gerado em redes sociais, então eu vejo muito disso acontecendo.

Quem você vê inserido nesse ecossistema?

Billy Wuot: Videomakers, profissionais de redes sociais, artistas gráficos, ilustradores, né? Então acho que todos eles acabam participando dessa rede. Conforme o artista, produtor musical vai crescendo e ganhando notoriedade e fazendo o seu dinheiro, obviamente ele vai procurar investir nesse trabalho, consequentemente fazendo a roda girar.

Eu sou designer e sempre criei as minhas capas, mas para o meu próximo lançamento eu já contratei um ilustrador, para trazer mais profissionalismo. Cheguei num momento que eu pensei: “Pô, acho que vale a pena pegar a grana que estou recebendo dos streams para reinvestir no meu projeto", no caso eu reinvesti na imagem, contratando a capa de um ilustrador amigo meu!

Pra finalizara a nossa entrevista, já falamos sobre a relação da indústria musical com o produtor, do produtor com o ouvinte, e acho que falta falar agora sobre o produtor com o produtor. O ambiente do Lo-Fi Brasil hoje pra mim parece um coworking entre amigos, um clima de muita parceria entre os produtores, você sente isso?

Billy Wuot: Rola muito sim esse sentimento de amizade de apoio, acho que muito por conta da cultura do brasileiro, eu tenho muito essa cultura de compartilhar informação, eu vejo isso como um sentimento natural de muitas pessoas.

Eu acho que isso é uma quebra de paradigma da indústria musical. Produtores querendo se ajudar, querendo crescer juntos. Muito porque as pessoas estão querendo fazer as coisas por conta própria. Não existem grandes gravadoras por trás, então as pessoas fazem as coisas do jeito que elas acreditam. Por isso, na nossa cena a gente acredita em compartilhar, fazer collabs, criar coisas juntos...


E eu percebo que no meio do Lo-Fi a collab não vem do interesse particular em dividir ouvintes mensais e sim de se unir com quem está fazendo um som de qualidade, visando o resultado musical muito antes do objetivo de crescer o seu projeto pessoal.


Playlist da semana:



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