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O Ecossistema do Lo-Fi - II

IzaBeats

Dando continuidade em sua belíssima série de artigos, IzaBeats aborda agora sobre mixagem e masterização, batendo um papo com três profissionais da area.



Como prometido, aqui estou novamente desvendando junto com você, este enorme ecossistema chamado Lofi Brasil. Hoje vamos falar sobre o engenheiro(a) de mix e master, bati um papo com 3 profissionais da área que vão nos esclarecer um pouco mais sobre este universo.


AFINAL O QUE É MIXAGEM E MASTERIZAÇÃO?


Sei que muitos que estão lendo ainda tem uma visão um pouco nebulosa em relação ao significado de mixagem e masterização, e a diferença entre esses dois processos. Então, vamos começar nosso papo definindo as coisas!


“Na mixagem, você trabalha em cada instrumento para a música funcionar do jeito que você quer, regulando o volume de cada instrumento, atenuando frequências, realçando frequências, controlando a dinâmica dos instrumentos, adicionando efeitos, regulando o pan. Na real é onde você timbra os instrumentos e equilibra os instrumentos para a música ficar do jeito que você quer. É uma parada bem artística e criativa porque as possibilidades são infinitas.”


De acordo com Felipe Ponchio, AKA 2F U-Flow, carioca de 35 anos, que começou com produções musicais ainda nos anos 2000, e segundo o mesmo, obcecado por mixagem desde essa época.


“A masterização é feita depois que a mixagem está finalizada. No caso de ser um álbum com várias músicas, nesse processo o engenheiro de masterização equilibrava o volume entre as faixas e acabava colocando um toque a mais na música e corrigindo alguma coisa também para a música ficar dentro das especificações do vinil. Com o tempo a masterização virou uma pós produção, é tipo equilibrar a música para soar bem em diversos lugares. Eu masterizo muitas músicas toda semana, os clientes me mandam a mixagem em .wav e eu corrijo algumas frequências que estão sobrando, adiciono algumas se precisar, comprimo para deixar o som mais porrada, às vezes trabalho a imagem estéreo e trabalho no volume geral da música, sempre pensando em fazer a música soar da melhor forma em vários lugares.”


"A mixagem e masterização é uma arte, a minha preocupação é deixar a música do jeito que eu quero ou do jeito que o produtor musical quer.” 2F U-Flow

Na internet encontramos várias definições sobre o que acontece durante esses dois processos, mas algo que os nossos convidados concordaram em uníssono é que mix e master são um processo de pós produção para que a música adquira coesão e equilíbrio antes de chegar às mídias.


Vale ressaltar que assim como na música, são processos muito pessoais onde a única regra cabe ao seu bom gosto artístico. Ou será que não? ”Para! não existe regra, falando sério.... A única coisa que eu vi até hoje que eu considero errado é quando a galera extrapola em plugins de imagem stereo aí o som fica todo fora de fase, fica desagradável de ouvir, dá uma “ziquizira” no ouvido."


Layla Policarpo, mineira de 27 anos, produtora e também profissional de mixagem e masterização tem uma opinião um pouco diferente. “Para mim depende muito do que foi acordado com o produtor, como que foi imaginado aquela música, afinal de contas a música não é sua, você foi contratado pra mixa-la. Ainda assim sua 'impressão digital' estará impressa ali, não é como se você não pudesse nesse momento ser criativo. Um ponto importante é ter em mente que nem sempre o seu gosto é tão importante assim, tudo dependerá do objetivo, do que a música pede e do estilo musical.”.


No caso do engenheiro de mix/master ser contratado é necessário levar em consideração o pedido do cliente acima do seu gosto, este é um ponto que deve ser levado em conta durante essa discussão.


O produtor e engenheiro de mix e master Thiago Schimidt, AKA Middt de 19 anos, acredita que sim, existem regras no entanto você não precisa segui-las à risca e comenta sobre como ele divide as etapas durante o seu workflow “Eu costumo começar pelo volume e pan, depois equalizar tudo, comprimir o que for necessário, e aí depois utilizamos as modulações.”


Sobre workflow, perguntei para o 2F U-Flow se existe uma ordem ideal para se trabalhar os elementos de uma mix, ao que ele nos esclarece que também não há nada mandatório “Não existe ordem não, eu sempre começo pela bateria, depois vou para o baixo ou 808, em seguida para a harmonia e por último para os vocais, mas faço isso porque gosto de organizar os projetos assim... Já vi várias pessoas fazendo diferente, até começando pelo vocal.”



MIXAGEM E MASTERIZAÇÃO APLICADAS AO LO-FI


Agora que já sabemos sobre o que se trata mix e master e que são processos bem democráticos vamos trazer este assunto para mais próximo da nossa realidade e descobrir como podemos desenvolver a mixagem pra atingir uma sonoridade mais Lo-Fi.


“O lo-fi tem sua característica própria, mas para além de atingir essa sonoridade, acho importante que o produtor não deixe sua essência, sua marca de lado.” Layla Policarpo

Layla afirma que como produtores não podemos buscar cegamente uma certa sonoridade e deixar de lado a nossa própria, afinal desta maneira corremos o risco de que a nossa música fique sem alma.


“Eu gosto muito de usar filtros e simuladores de ruído pra dar aquele toque mais vinil, mais vintage, dá pra brincar bastante com a equalização filtrando algumas frequências, escolhendo os melhores timbres de samples que será utilizado. Existem muitos recursos, reverbs, delays, distorção que eu amo muito! Muita gente também curte samplear trechos de canções ou poemas de época, então acho que deixar a criatividade fluir é a parte mais importante.”


A busca pela sonoridade que imaginamos é constante, acredito que todos nós estamos nessa busca. 2F U-Flow não fica de fora dessa, produtor e engenheiro de mix e master experiente, possuí em seu portifólio trabalhos com grandes nomes da música como Anitta, Snoop Dog e Ludmilla, ainda sim nos revela a dificuldade que existe em atingir à sonoridade ideal e também pontua alguns plugins que ele tem utilizado durante suas mixagens!


“Até hoje eu não cheguei na sonoridade Lo-Fi que eu quero. Tem muito som Lo-Fi que tem grave, agudo... Nos meus sons eu tiro o grave e o agudo, costumo usar plugins que simulam mesas tipo, API, Neve, não gosto de usar equalizadores tipo Waves q10, Fabfilter pro q3, mas isso é muito pessoal. Eu sempre uso um simulador de fita e o Abbey Road Vinyl da Waves, mas estou querendo comprar um gravador de fita k7 para finalizar meus beats, ainda estou buscando essa sonoridade. Isso foi uma das coisas que me levou pro Lo-Fi, eu gosto dessa busca, estou mixando um som desde o ano passado e ainda não fiquei satisfeito, toda hora eu mudo tudo.”


Eu sei o que você está pensando agora. Sim, é um pouco intimidador se dar conta de que um renomado engenheiro de mix e master ainda não atingiu a sua sonoridade ideal, e quem dirá nós?! Mas ao mesmo tempo inspirador, à final de contas mixagem é também uma arte que vai da mais complexa e rebuscada à mais simples e enxuta. No final das contas é uma caminhada pessoal e o que conta mesmo é a sonoridade, e não os caminhos que você fez pra chegar até lá!


Por fim, eu não poderia me despedir desses incríveis convidados sem fazer a fatídica pergunta!


Qual dica vocês dariam ao produtor que está estudando mixagem e masterização?


Repetir o processo diversas vezes! Este é o conselho de Middt, que embora muito jovem já trabalha ativamente na área e tem muito a nos ensinar sobre o assunto.


“Pra quem tá começando agora, eu recomendo mixar diversas vezes, se aprofundar nos efeitos, não tem muito mistério. O mais importante é dividir as etapas, dando um descanso pra audição e não produzir tudo (gravação, mix, master) de uma única vez. Dessa forma terá um foco e uma atenção maior no que estará fazendo, obtendo melhores resultados”

Layla, por sua vez salienta a necessidade de investir no seu conhecimento.


“Hoje em dia a gente encontra muitos conteúdos no youtube, e foi por onde eu comecei já que de certa forma é mais acessível, porém hoje em dia, depois de me frustrar bastante, eu descobri e aprendi que só isso não basta, é necessário estudar a fundo. Então se você puder juntar uma graninha e comprar um curso de verdade eu indico muito”


Segundo 2F U-Flow é importante estar sempre atualizado pra não ficar para trás!


“Às vezes é melhor mudar o sample do kick do que querer equalizar e comprimir para chegar o timbre que está querendo sacou?”


“A minha dica é estudar muito, ver tutoriais de pessoas com bons trabalhos lançados e entender as ferramentas para manipular o áudio. Prestar atenção no que você tá fazendo para perceber as diferenças entre os equalizadores, compressores, reverbs, saturadores. É aquilo, eu trabalho há mais de 15 anos nisso e estou sempre estudando porque as coisas evoluem muito.... E ouvir muita música!”


E pra finalizar, já que a última dica do 2F foi ouvir muita música, aproveitem o link abaixo para dar o play em 'Bill's Time 2' na nossa mais nova playlist, a 'lofi hip hop de barbearia', criada por Billy Wuot e que é a nossa Playlist da Semana:



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